quarta-feira, 28 de maio de 2014

RUSGA

Wilson Santos[1]
Wilson Santos
Após a Independência do Brasil em 1822, o cenário político nacional foi dividido em dois setores que disputavam o poder entre si.
Os Liberais defendiam a autonomia para as provinciais, hoje, estados e a eliminação do modelo colonial por completo.
Do outro lado, os portugueses queriam a manutenção da centralização do poder e a continuação dos seus privilégios.
Com a renúncia de D. Pedro I, e a menoridade do futuro D. Pedro II, o trono brasileiro ficou vago, nascendo assim o período regencial (1831-840).
Nessa fase, eclodem revoltas armadas em diversas regiões do país.
Essas rebeliões eram motivadas pelo clima de "acerto de contas" entre brasileiros e portugueses, além do protesto veemente contra as péssimas condições de vida da esmagadora maioria da população, que, mais de uma década pós-Independência, constatava que nada havia melhorado.
Em Cuiabá, explodiu uma violentíssima revolta político-social, que levou à morte dezenas de pessoas em 30/05/1834, com consequências que se arrastaram por décadas.
Durante mais de 150 anos, vigorou a tese de que a causa original da Rusga foi a "lusofobia", aversão aos portugueses, apelidados de "bicudos" pelos cuiabanos.
Hoje, há consenso entre historiadores de que a causa principal da Rusga foi a disputa pelo poder em Mato Grosso, entre as duas facções políticas locais: os liberais (Sociedade dos Zelosos da Independência) e os conservadores (Caramurus - Sociedade Filantrópica).
A Rusga em si consistiu num levante armado realizado pela oposição (liberais), com o objetivo de derrubar o Governo conservador e assumir o poder em Mato Grosso, e também queriam, os mais exaltados, assassinar a elite lusitana e os grandes latifundiários.
Governava a província o coronel João Poupino Caldas, que, durante a explosão da revolta, saiu às ruas com o bispo Dom José A. Reis, suplicando o fim dos assassinatos.
Os "rusguentos" não pararam e acusaram Poupino Caldas de traidor.
Sem apoio militar e isolado politicamente, o governador Poupino Caldas solicitou sua substituição.
O novo governador, Antonio Pedro Alencastro, foi rigoroso na perseguição aos líderes da Rusga, prendendo-os.
Poupino Caldas foi carimbado como o "dedo duro" que "entregou" os cabeças do movimento.
Em 1836, no dia em deixaria Cuiabá, João Poupino Caldas foi assassinado, provavelmente a mando dos Liberais exaltados.
Os "rusguentos" chegam ao poder em Mato Grosso, com a nomeação de Pimenta Bueno como governador, ainda em 1836.

[1] Wilson Santos é professor de História e e ex prefeito de Cuiabá – Fonte: http://www.folhamax.com.br/opiniao/rusga/10635

0 comentários:

Postar um comentário

Você Poderá Gostar:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...