Wilson Santos[1]
Wilson Santos |
Após
a Independência do Brasil em 1822, o cenário político nacional foi dividido em
dois setores que disputavam o poder entre si.
Os
Liberais defendiam a autonomia para as provinciais, hoje, estados e a
eliminação do modelo colonial por completo.
Do
outro lado, os portugueses queriam a manutenção da centralização do poder e a
continuação dos seus privilégios.
Com
a renúncia de D. Pedro I, e a menoridade do futuro D. Pedro II, o trono
brasileiro ficou vago, nascendo assim o período regencial (1831-840).
Nessa
fase, eclodem revoltas armadas em diversas regiões do país.
Essas
rebeliões eram motivadas pelo clima de "acerto de contas" entre
brasileiros e portugueses, além do protesto veemente contra as péssimas
condições de vida da esmagadora maioria da população, que, mais de uma década
pós-Independência, constatava que nada havia melhorado.
Em
Cuiabá, explodiu uma violentíssima revolta político-social, que levou à morte
dezenas de pessoas em 30/05/1834, com consequências que se arrastaram por
décadas.
Durante
mais de 150 anos, vigorou a tese de que a causa original da Rusga foi a
"lusofobia", aversão aos portugueses, apelidados de
"bicudos" pelos cuiabanos.
Hoje,
há consenso entre historiadores de que a causa principal da Rusga foi a disputa
pelo poder em Mato Grosso, entre as duas facções políticas locais: os liberais
(Sociedade dos Zelosos da Independência) e os conservadores (Caramurus -
Sociedade Filantrópica).
A
Rusga em si consistiu num levante armado realizado pela oposição (liberais),
com o objetivo de derrubar o Governo conservador e assumir o poder em Mato
Grosso, e também queriam, os mais exaltados, assassinar a elite lusitana e os
grandes latifundiários.
Governava
a província o coronel João Poupino Caldas, que, durante a explosão da revolta,
saiu às ruas com o bispo Dom José A. Reis, suplicando o fim dos assassinatos.
Os
"rusguentos" não pararam e acusaram Poupino Caldas de traidor.
Sem
apoio militar e isolado politicamente, o governador Poupino Caldas solicitou
sua substituição.
O
novo governador, Antonio Pedro Alencastro, foi rigoroso na perseguição aos
líderes da Rusga, prendendo-os.
Poupino
Caldas foi carimbado como o "dedo duro" que "entregou" os
cabeças do movimento.
Em
1836, no dia em deixaria Cuiabá, João Poupino Caldas foi assassinado, provavelmente
a mando dos Liberais exaltados.
Os
"rusguentos" chegam ao poder em Mato Grosso, com a nomeação de
Pimenta Bueno como governador, ainda em 1836.
[1] Wilson Santos é professor de História
e e ex prefeito de Cuiabá – Fonte: http://www.folhamax.com.br/opiniao/rusga/10635
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