Geraldo Trindade[1]
O arcebispo
marianense, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, é lembrado pela sua grandeza
espiritual. Não foi apenas bispo, mas também companheiro, pastor, irmão de
todos, doce e amável no trato. Quem o conheceu teve dele uma acolhida marcante
e ímpar. Este próximo 27 de agosto remonta àquele de 6 anos atrás, quando este
grande homem despedia-se deste mundo e adentrava aos céus com as palavras
"Deus é bom!"
O
"bispo dos pobres" como era comumente chamado viveu sua fé na
radicalidade e por isso se tornou um eco profundo de que se deve acreditar em
Deus e colocar em prática os valores evangélicos. Ele sabia como ninguém
amalgamar a vida e a oração, não apenas em sua expressão verbal ou declarativa;
mas plena na ação real e concreta. Ele soube, em meio às dores físicas e
espirituais, aceitar a cruz por si mesma, pelos outros, pelos sofredores
anônimos que padecem e por isso tocaram com profundidade a alma de Dom Luciano.
As
palavras, os gestos, a vida de Dom Luciano colocam em xeque as nossas palavras,
gestos e a nossa vida. O bispo marianense sofria de alto senso de dignidade
humana, que, muitas vezes, era incompreendido. Ele sofria com o outro,
comportava-se com os outros tratando todos como iguais, dignos de confiança.
Ele via em cada pessoa uma criatura amável, lida e admirável. Por tudo isso,
ele foi deixando um rastro de luz por onde passou. A Comenda Dom Luciano Mendes
de Almeida de Mérito Social e Educacional outorgado pela Arquidiocese de
Mariana será no próximo dia 27. A homenagem à Dom Luciano terá início com uma
celebração eucarística, na Catedral, às 18h30, seguida da sessão solene, no
Centro Cultural Arquidiocesano Dom Frei Manoel da Cruz, onde será conferida a
honraria da comenda aos homenageados: Dom Walmor Oliveira de Azevedo (arcebispo
de Belo Horizonte), Dom Francisco Barroso Filho (bispo emérito de Oliveira),
Dom José Belvino do Nascimento (bispo emérito de Divinópolis), Mons. Flávio
Carneiro Rodrigues (diretor do Arquivo Eclesiástico de Mariana), Mons. Júlio
Lancelloti (Vigário Episcopal para o Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo)
e as Irmãs da Beneficência Popular.
É
também neste dia, que nossas memórias se misturam pela lembrança de outra
figura singular, Dom Hélder Câmara, que foi arcebispo de Olinda e Recife.
Ambos, dom Luciano e dom Hélder, souberam viver neste mundo a diaconia cristã,
do serviço fraterno, alegre e impetuoso, pois eram tomados pela fé em Cristo e
em seu projeto de salvação. Eles nos envergonham pela radicalidade e fidelidade
ao Evangelho, pois sabiam que o mundo, sofrido, complexo, pluricultural,
midiático e ideário, é espaço absoluto e completo da ação do evangelizador.
Souberam anunciar as verdades da fé cristã no amor ao pobre, ao sofredor, à
criança órfã, ao doente abandonado, ao faminto que clamava um pedaço de pão...
Caracterizam
estes santos homens a expressão de que souberam revestir-se de cotidiano as
verdades eternas do Reino prometido. Esta atitude exige ser tomado pela pura
humildade na mais completa atitude de ser servidor, tornando presente o amor de
Jesus aos simples e pequenos. "Quando fizestes a um desses irmãos mais
pequeninos, a mim fizestes." (Mt 25, 40)
[1] Geraldo Trindade é
bacharel em filosofia e cursa teologia no Seminário de Mariana, MG. Fonte: http://pensarparalelo.blogspot.com
- http://www.revistamissoes.org.br/artigos/ler/id/2410
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