domingo, 23 de fevereiro de 2014

O que foi o Apartheid na África do Sul?

Nelson Mandela deixou a prisão há 20 anos, no dia 11 de fevereiro de 1990[1]. A liberdade do líder foi o mais forte sinal do fim do regime de segregação racial na África do Sul, o apartheid
Só para Brancos!
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Colonizada a partir de 1652 por holandeses e tendo recebido imigrantes de outras partes da Europa e da Ásia, a África do Sul tornou-se, em 1910, uma possessão britânica. Desde a chegada dos primeiros europeus, há mais de três séculos, a história do país africano, que será a sede da Copa do Mundo em 2010, foi marcada pela discriminação racial, imposta pela minoria branca.
Como protesto a essa situação, representantes da maioria negra fundaram, em 1912, a organização Congresso Nacional Africano (CNA) à qual Nelson Mandela, nascido em 1918, se uniu décadas depois. No CNA, Mandela se destacou como líder da luta de resistência ao apartheid.
O pai de Mandela era um dos chefes da tribo Thembu, da etnia Xhosa e, por isso, desde cedo, o garoto foi educado e preparado para assumir a liderança de seu povo. "Ele recebeu o melhor da Educação de sua tribo e foi iniciado em todos os rituais. Mas também teve o melhor da Educação europeia, estudando em bons colégios", explica Carlos Evangelista Veriano, professor de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
O apartheid oficializou-se em 1948 com a posse do primeiro-ministro Daniel François Malan, descendente dos colonizadores europeus - também chamados de africâners. "Embora a história oficial omita, sabemos que os ingleses foram os financiadores do apartheid, já que o Banco da Inglaterra custeava todos os atos do governo sul-africano", afirma Veriano.
Com o novo governo, o apartheid foi colocado em prática, instituindo uma série de políticas de segregação. Os negros eram impedidos de participar da vida política do país, não tinham acesso à propriedade da terra, eram obrigados a viver em zonas residenciais determinadas. O casamento inter-racial era proibido e uma espécie de passaporte controlava a circulação dos negros pelo país. "É importante lembrar que essa política teve clara inspiração nazista", diz o professor.
Embora tenha sido preso diversas vezes antes, Mandela já cumpria pena desde 1963 quando recebeu a sentença de prisão perpétua. Porém, com o passar dos anos, o mundo passou a se importar mais com a inadmissível situação da África do Sul, que começou a receber sanções econômicas como forma de pressão para acabar com o apartheid. Em 1990, com o regime já enfraquecido, Mandela foi solto, depois de 27 anos no cárcere. O governo, liderado por Frederik De Klerk, revogou as leis do apartheid. Três anos depois, Mandela e Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz.
Em 1994, nas primeiras eleições em que os negros puderam votar, Mandela foi eleito presidente do país. O filme Invictus[2], dirigido por Clint Eastwood, em cartaz atualmente nos cinemas, tem como foco a história de Mandela (interpretado por Morgan Freeman) logo que ele assume a presidência. A obra mostra como o líder governou não com a intenção de se vingar dos brancos, mas sim de realmente transformar o país em uma democracia para todos.



[1] Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/foi-apartheid-africa-sul-533369.shtml
[2] Resumo do Filme Invictus

Depois de passar vinte e sete anos de sua vida em uma prisão, Nelson Mandela (Morgan Freeman) é solto e eleito presidente da África do Sul. Em seu primeiro dia de mandato, ele se depara com todos os funcionários brancos de seu gabinte arrumando suas coisas para ir embora, achando que seriam demitidos. Para eles, um presidente negro só poderia confiar em pessoas da sua cor. Mandela causa surpresa a todos quando pede que os funcionários brancos fiquem. Logo depois, o chefe da segurança pessoal de Mandela recebe para trabalhar com ele uma equipe de agentes brancos, que logicamente são mal recebidos. Mandela mantêm também esses agentes brancos, unindo assim as duas raças em sua equipe de trabalho. Consciente de que seu país continua sendo racista e economicamente dividido, sua meta é acabar definitivamente com essa separação em toda a África do Sul.

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