Num mundo onde os poderosos se
devoram por sede de poder, como já dizia o velho Pe. Antonio Vieira: “Peixes
sois de vos comer uns aos outros onde os grandes comem os pequenos”.
Até Fernando Pessoa, em um de
seus poemas: Poema em Linha Reta, utilizando-se do heterônimo de Álvaro de
Campos bem retratava, ainda que de forma irônica, o homem de nossos tempos que
tanta dificuldade tem de chorar e de admitir fraqueza: “Nunca conheci quem
tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo
(...)
Toda a gente que eu conheço e
que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo,
nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos
eles príncipes - na vida(...)
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?”
No entanto, neste mundo de
“semi-deuses” como dizia Pessoa, os cristãos, de forma audaz e inédita
acreditam num Deus que morre! Num Deus que morre de uma morte vergonhosa, num
Deus que morre crucificado. Sabemos que era comum nos primeiros anos do
cristianismo a representação do Deus dos cristãos como um asno crucificado nos
banheiros romanos.
Os cristãos acreditam que só vai
experimentar a luz, quem antes de forma honrada passar pela cruz. Heróis hollywoodianos
não morrem e tampouco podem demonstrar fraqueza, enquanto os cristãos repetem o
refrão bíblico “é na tua fraqueza que a minha força se manifesta” (IICor12,7)
Neste mundo dito “moderno” a
senilidade é motivo de vergonha, de chacota. Só os sarados e os que estão “com
tudo no lugar” podem pousar para os holofotes! A ausência de rugas no rosto não
consegue esconder as rugas da alma deste homem moderno!
É neste contexto, de um Hugo
Chávez, por exemplo, que com uma grave enfermidade não consegue passar o bastão
para frente, de presidentes que não conseguem largar a presidência, mesmo
cientes de que já passaram, que Bento XVI nos ensina com sua renúncia que o
poder só faz sentido na perspectiva do serviço!
É preciso ser muito homem e muito santo para
chegar diante do mundo e admitir fraqueza e afirmar que alguém que possua mais
vigor físico esteja em melhor condição de guiar a barca de Pedro. É preciso ser
muito forte para admitir que se é fraco, ainda mais publicamente!
Bento XVI está fazendo como que
a última de suas belíssimas pregações como Pontífice, mas desta vez, o Papa
está pregando em silêncio. Ele está querendo dizer a todos nós: Se algum dia
você subir ao mais alto grau, sirva! Presidentes, Reis, Padres, Bispos, não
fiquem preocupados com que cargo vão lhes dar, mas somente lembrem-se que o
poder é passageiro, e que como já nos disse o Mestre, “a quem muito foi dado
muito será cobrado” (Lc12,48).
A espada de Dâmocles tem de ser utilizada com
sabedoria. É preciso reconhecer que o poder tem de ser partilhado e que um dia,
outro estará em seu lugar! E mais, nunca se ache insubstituível, porque ninguém
o é, a não ser o Senhor Jesus!
Bento XVI nos diz, desta vez sem
dizer: Não tenham medo de admitir fraqueza, cansaço. No palco da vida sejam
fiés a Deus e às vossas convicções, não traiam Deus nem vossa consciência! E
saibam que não há nenhum problema em sentir-se fraco, afinal, só Deus é
fortaleza!
Obrigado Forte Papa Bento XVI!
Obrigado por seus belíssimos escritos grande santo e intelectual! Obrigado por
mostrar ao mundo que o Papa é humano e que só Deus é Divino!
Sua benção Bento XVI!
Reze por nós! Com carinho,
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