domingo, 18 de dezembro de 2011

Educação e desenvolvimento

Juracy da Silva¹ 
As teorias clássicas de desenvolvimento estabeleciam que para um país ou região se desenvolvesse deveria ter pelo menos as seguintes condições: território e recursos naturais, população numerosa e capital. Muitos estudiosos da geopolítica insistem ainda hoje que todas as potências do passado ou do presente possuem esses requisitos, podendo inclusive ser através das guerras e anexação de territórios ou outras formas de influência econômica, cultural ou tecnológica.
Ao longo da história, principalmente nas últimas cinco décadas as transformações dos sistemas produtivos aliadas ao surgimento de novas tecnologias em todos os setores da economia e da sociedade têm estabelecido um novo ritmo de desenvolvimento. À medida que as sociedades passaram de uma base econômica extrativista, rural e baseada na mão-de-obra com baixa qualificação para sociedades urbanas e industriais as exigências tanto para o fator trabalho quanto para todos os demais setores é uma realidade que determina as novas exigências para os sistemas educacionais.
No caso brasileiro, por exemplo, até meados dos anos sessenta as pessoas que tinham nível mediano de escolaridade, sabiam datilografia e algumas outras poucas habilidades tinham uma grande"chance" de conseguir algum emprego razoável no setor de comércio ou de prestação de serviços. Nas atividades rurais mesmo sendo analfabeto o trabalho não exigia além deste patamar. As exigências educacionais da maior parte das atividades (emprego) no setor público, ou setor privado urbano ou rural eram poucas comparadas com o que o mercado de trabalho exige hoje para quem se candidata a um bom emprego.
Hoje quem não tiver o ensino médio completo e bons conhecimentos na área de tecnologia (informática e outras mais), além de conhecimento de língua estrangeira tem dificuldade para conseguir um bom emprego, com exceção das pessoas que são apadrinhadas de políticos ou gente influente e consegue entrar pela janela no serviço publico, para isto existem os famosos trens da alegria em final de mandatos, quando parentes e outros mais acabam se efetivando em boas posições. Mas isto é exceção. O povo tem que ralar mesmo!
Assim, a educação é fundamental para preparar as pessoas tanto para um mercado de trabalho mais. tecnificado e mais complexo, quando outras exigências da sociedade, inclusive para a gestão publica.
Por esta razão o desafio atual do sistema educacional dos países subdesenvolvidos ou em processo de desenvolvimento acelerado como e o caso da Índia, Coreia, Brasil, China e outros mais é oferecer educação não apenas que seja universal em termos numéricos, mas também uma educação com qualidade e voltado para as exigências da modernização. No caso brasileiro a expansão do sistema educacional ocorrido nas últimas três décadas privilegiou a quantidade em detrimento da qualidade, principalmente os sistemas públicos estaduais e municipais. 
Quando os organismos públicos divulgam dados estatísticos relativos aos vários setores como a educação, é importante que a análise seja feita a partir das peculiaridades que os mesmos apresentam.
No caso da educação é fundamental que tais dados sejam comparados em termos de resultados das redes publicas (federal, estaduais e municipais) e privadas e também levando-se em consideração a educação que é oferecida no meio urbano e no meio rural. De igual forma é fundamental que seja feito um "ranking" entre todos os estados e somente a partir desta analise mais detalhada podemos planejar as mudanças necessárias para que as deficiências sejam corrigidas.
Os dados do Ideb, por exemplo, demonstraram que Mato Grosso saiu da 12ª posição em relação aos demais Estados da federação para a 22ª posição, ou seja, nesta faixa de ensino nosso Estado piorou nos últimos 08 anos do atual governo.Ao nível de Brasil foi divulgada uma noticia de que apenas 5 escolas atenderiam os requisitos de qualidade e estariam no mesmo nível dos países desenvolvidos, o que não deixa de ser uma vergonha tanto para o país quanto e principalmente para as autoridades publicas.No caso do Enem que o próprio governo federal determinou que fosse o sistema único de avaliação e condição de acesso as universidades publicas federais, Mato Grosso continua tendo um desempenho ridículo. Ordenando as medias dos Estados o desempenho de Mato Grosso também é um vexame: a nossa rede privada ocupa a 23ª posição em relação aos demais estados e a rede publica estadual 26ª posição.Neste momento em que varias dessas autoridades, inclusive que eram os responsáveis pelo setor educacional estarão pleiteando novos mandatos, seria de bom alvitre que os mesmos pudessem explicar o desempenho medíocre de nosso sistema educacional.
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¹ -Juracy da Silva é professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de A Gazeta. Site. www.justicaesolidariedade.com.br; e-mail professor.juacy@yahoo.com.br - Fonte: www.gazetadigital.com.br- Edição nº 6818 – Caderno Opinião.

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