terça-feira, 27 de setembro de 2011

DEZ Passos da Redação Nota 10

Dicas e conselhos para escrever melhor e sair-se bem ante a exigência de bons textos no mercado de trabalho, nos processos seletivos e no cotidiano[1].
Redigir textos virou exigência tão difundida na  sociedade contemporânea que chega a ser quase impossível tocar a vida sem ser  obrigado a adquirir familiaridade com qualidade da escrita.

A concorrência nunca esteve tão acirrada e em compôs que ressaltam o papel da redação como um filtro.  O ENEM deste ano, por exemplo, conta com 6,2 milhões de candidatos (1,5 milhão a mais do que em 2010). O vestibular da UNESP, um dos maiores do país, registrou a maior concorrência  de sua historia: 12.375 inscritos para  510 vagas (24,3 pro vaga). Como tantas outras instituições, a PUC - Minas computou aumento no número de candidatos 42,6% em  seu processo seletivo.
Provas de redação viraram o grande  vilão dos concursos públicos do Brasil.  A  Avaliação é da  Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (ANFAC), que registra, por  ano, cerca de  10 milhões de candidatos um terço dos quais têm cadeira cativa em cursos preparatórios, uma industria que movimenta R$1 bilhão por ano.  Uma  parte substancial do trabalho preparatório, mesmo de provas técnicas, está centrado no ensino de redação. Com o mercado aquecido, negócios e relacionamentos de trabalho dependem, não raro, do desempenho na criação de textos claros, criativos e precisos - no papel ou em meio eletrônico. O aumento da oferta na rede de ensino pública e no ensino superior privado (há 2.300 instituições do gênero, que o existiam há dez anos) implica o proporcional crescimento de trabalhos escolares redigidos no país.
O peso da redão vem aumentando em ambientes de trabalho que requerem a produção de textos profissionais, como relatórios, memorandos e cartas comerciais. Além de experiência e qualificações curriculares, as entrevistas de emprego nas empresas têm tido por freqüente critério a exincia da redação.
Aprimorar a redação está longe de ser perda de tempo. Língua sugere a seguir 10 passos para a redação de qualidade em situações de comunicação cotidianas. Indicam  caminhos para o redator aperfeiçoar suas técnicas de escrita. E fazer frente às exigências de escrita do dia a dia.
1 - O Cuidado Com a Gramática
Muita gente crê que o cometer erros de português já define um texto nota dez. Um texto sem erros gramaticais, no entanto, deve ser hoje encarado mais do que uma mera meta. É antes um pressuposto. Toda redação é um composto em que o uso da linguagem adequada se revela um de seus fatores importantes, é verdade. - Mas não o único.
Quem examina redações em concursos, vestibulares e no mercado de trabalho tende a supor que o redator seja capaz de conhecer e reconhecer as diversas linquaqens, sabendo comunicar-se em diferentes situações conforme a exigência do contexto.
É preciso saber acentuar, concordar verbal e nominalmente; demonstrar que conhece os preceitos da ortografia e tem habilidade com conectivos, pronomes e verbos, e que o conhecimento da regência verbal e nominal condiga com o tecido textual.
Convém evitar expressões como "eu acho", "eu penso" ou "quem sabe", porque elas mostram dúvida e fazem com que seu texto perca credibilidade.
É preciso, acima de tudo, usar linguagem simples, que não exige do leitor o esforço de decifrar um texto complicado de entender.
Torne as frases leves e curtas sendo claro, seguindo a ordem direta de apresentação do assunto, sem inversão da seqüência de dados e opiniões. E necessário, para tudo isso, uma dose de leitura diária.
2 - Saiba cercar-se de Fontes
Uma boa redação é muitas vezes aquela em que se soube manejar uma coletânea de textos de apoio, mas fazendo isso com sabedoria, sem simplesmente decalcar as informações. A coletânea deve ser usada como uma referência para que se possa encaminhar o próprio texto. Consultar diferentes fontes, entender as idéias que provêm delas, e produzir o texto em consonância com os limites impostos pelas informações consultadas é um exercício importante, pois pode dar segurança e qualidade aos nossos textos.
Assim, quando lançados à obrigação de criar textos sem consultas do gênero, saberemos o que fazer com as idéias que nos surgirem na cabeça, pois teremos aprendido a organizar o desenvolvimento de raciocínios a partir de informações, não mera divagação.
3 - Busque naciocínio lógico
Uma redação nota 10 é a que apresenta idéias que permitam ao leitor uma compreensão exata do que se pretendeu escrever. Cabe ao redator dar um caminho ao racionio, criar um sentido que responda às lacunas do que ele imagina tomar o leitor a cada parágrafo. Uma dissertação de vestibular, por exemplo, deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão. A narrativa de uma entrevista de trabalho, numa seleção de emprego com tema de redação livre, pode dispor de apresentação, trama e desfecho.
É providencial que os parágrafos estejam organizados para que a leitura seja clara e sem dispersão. Para tanto, o uso correto dos conectivos torna-se fundamental. São eles que permitem ajustes de raciocínio por meio de ligações adequadas.
Um bom vocabulário é outro fator importante na composição do raciocínio, pois é preciso saber variar os termos e fazer uso de sinimos. A coesão espaço temporal requer cuidados para evitar equívocos, como conferir a um personagem citado falas distintas do tempo em que o apresentamos.
4 - Concilie tema e proposta
Seja qual for a sua opinião, simplesmente a defenda.  Busque a sensatez e evite radicalismo e pontos polêmicos.
Numa prova de redação, é freqüente a necessidade de fazer a associação entre a leitura, a interpretação do tema proposto.
O Ideal é ler atentamente o que nos propõem,  avaliar os conceitos que temos e os  argumentos em contrário, acentuar detalhes imprescindíveis e produzir um projeto de texto que demonstre com  precisão a capacidade de  trabalhar o tema dentro do que foi solicitado. É sempre bom lembrar que, em muitos casos, o tema exige um senso de observação aguçado, que leva o redator, obrigatoriamente, a relações intertextuais dinâmicas e até mesmo complexas, principalmente nos chamados temas “Filosóficos” ou “Comportamentais”.
5 – Recorra aos esboços
Os textos que o passam por um projeto prévio são os que mais podem suscitar problemas. E o que seria um projeto de texto? É projetar aquilo que se vai escrever: limitar o texto às exigências do público que lerá o texto, balanceado com o que se sabe e pode trabalhar. Assim, no caso dos textos argumentativos, o primeiro passo é extrair uma tese, a ideia que vai ser exposta e defendida.
Em seguida, buscar as argumentações que, de forma crítica e bem conduzidas, possam sustentar tal tese. Tudo isso de modo a compor um esquema, um esboço, atentando para incluir pontos que sejam importantes e não esquecidos quando da elaboração do texto. A conclusão pode ser projetada desde o início, para que o redator imagine quando e como terminar o trabalho. É fundamental lembrar que temos um espaço para escrever e, seja qual for o gênero, ele precisa atender aos limites impostos pela situação de comunicação. Da importância também do planejamento textual.
6 - Seja coerente
Uniformidade é uma palavra chave. A ideia que o norteia não pode ser contraditória, generalizante ou inverossímil. A boa redação prima pela coerência, não desdiz o que vinha apresentando, não faz generalizações inexatas, nem considerações infundadas.
A coerência diz respeito ao modo como as idéias e os fatos são dispostos. Descreva argumentos coerentes. Apresente apenas argumentos que tenham fundamento, não tente escrever o que você "acha" ou não tenha certeza.
Tudo isso tende a levar o texto ao descrédito - como dizer, simplesmente, que todos os políticos são desonestos, todos os jovens usam drogas, todas as mulheres gostam de apanhar, e coisas do gênero.
Seja objetivo. Numa seleção de emprego com tema livre, por exemplo, convém falar da carreira, da profissão, da área de atuação ou algo sobre a atualidade. Redações com temas indistintos, como "minhas férias", ou confessionais demais, indicam falta de objetividade.
7 - Evite Formulas
Há quem busque por fórmulas mágicas capazes de, num só momento, produzir um texto impecável sem as "dores do parto" que costumam acompanhar o processo de escrita. Esses redatores tendem a colecionar técnicas e mais técnicas, num amontoado de efeitos que, se não conduzidos a contento, levam a um texto pífio ou sem noção de autoria. É evidente que não se podem eliminar as técnicas na composição de um texto, mas é fundamental que elas sejam bem empregadas, com sentido e bem alicerçadas.
É preciso evitar, por exemplo, o uso de frases de efeito, pois tendem a permitir interpretações apressadas, quando não indesejáveis - isso se a frase for de fato inteligente (há sempre o risco de só o criador delas achá-Ias inteligentes).
Na dúvida, evite usar termos em inglês. É recurso usado muitas vezes de forma inábil, como sinalização de status e conhecimento com que, de fato, nem sempre se está familiarizada. Corre-se o risco desnecessário de errar a grafia e pode-se encarar um leitor ressabiado pelos estrangeirismos. De nada vale, também, decorar trechos de obras, menções históricas e coisas do gênero, para depois usar de forma indiscriminada e sem critério num escrito. Abrir um texto com definição descontextualizada ou uma alusão imprópria mostra a debilidade do redator.
Uma citação, uma alusão, um efeito de causa e conseqüência, uma definição, entre outras técnicas, são recursos que imprimem ao texto uma qualidade superior, mas não devem e não podem ser usados sem nexo nem competência. O caminho para uma adequação inteligente desses recursos é o exercício.
8 - Desenvolva um Estilo
É muito importante que a redação tenha um rosto, por meio do qual se vislumbre uma noção de estilo por parte do redator.
Pode-se desenvolver a argumentação de pelo menos duas maneiras: usando um tom mais ponderado, focado na discussão de um assunto mais sério e sem espaço para o humor; ou de maneira mais solta e espontânea, exaltando o tema em questão. Esses dois registros são como máscaras, que o redator pode mudar conforme a ocasião ou assunto tratado.
Evidentemente, será inadequada a abordagem de um tema como o aborto, por exemplo, valendo-se de um registro leve e descompromissado. Tampouco será apropriado falar de temas que demandem um trato despojado sob um ponto de vista demasiado sisudo ou tecnicista.
No entanto, seja qual for o tom adotado, é importante escrever em terceira pessoa, evitando manifestações exacerbadas de sentimentos e tentativas de impressionar com um vocabulário rebuscado.
9 - Estruture os Parágrafos
Evite escrever parágrafos muito longos, pois tendem a ser tomados como maçantes. O cuidado com os parágrafos deve ser preocupação permanente de quem escreve. Um parágrafo longo demais pode ser sinônimo de um acúmulo ou confusão de idéias. Já um parágrafo muito curto pode ser indício de sonegação dessas mesmas idéias.
O ideal é que eles sejam equilibrados nem longos, nem curtos - e que possam expressar a ideia de uma forma lógica e competente. Quanto parágrafo deve ter um texto? Cada situação de escrita vai estabelecer o limite da escrita. O ideal é que, para um texto de 30 linhas, haja ao menos 4 parágrafos: um para introdução, dois para o desenvolvimento e um para a conclusão. Entretanto, essa não é uma fórmula exata.
10 - Enriqueça seu repertório
 Manter-se atualizado e a par dos principais  fatos é essencial. Assim, como os músicos têm um repertório, o redator precisa ter na manga conhecimento de que se passa valer ao abordar os maia diversos temas. É preciso conhecer o assunto sobre o qual vai escrever o que demanda certa leitura e informação.
Para tanto, é preciso estar atento aos noticiários e mapear os editoriais a procura de assuntos recorrentes. Arriscar-se a falar sobre algo que desconhece pode ser um tiro no pé. Qualquer pessoa mais informada – seja um leitor comum ou um membro da banca examinadora - descobriria facilmente, ao cabo de um parágrafo ou dois, se o candidato esta blefando sobre alguma informação. Sobretudo se esta for expressa de modo maneirista, com excesso de relativizações, o que pode ser  sinal de  insegurança ao lidar com os  dados.
Construções pirotécnicas e cheias de adonos retóricos são o refugio ideal da falta de conhecimento. Na duvida, é melhor o redator se guiar por raciocínios e informações que ele domine.
Do Enem para a vida
Dez dicas para a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio que são úteis também no dia a dia:
1.    Atenção ao que se propõe - Uma leitura cuidadosa da proposta de redação evita que o candidato fuja do tema ou só o tangencie.
2.    Examine a antologia – Trechos selecionados pela prova cumprem a tarefa de provocar a reflexão acerca da situação-problema em questão.
3.    Siga as instruções – Desrespeitar o mínimo de oito o máximo de trinta linhas escritas, bem como não entregar a prova à tinta, podem desclassificar o candidato.
4.    Faça um rascunho - É nessa etapa que se organizam as idéias, esquematizando-as em parágrafos para que se organizem segundo a estrutura clássica da dissertação: introdução (apresentação da tese a ser defendida); desenvolvimento (argumentos que justifiquem a tese); conclusão (parágrafo final em que se expõe uma solução ou desfecho para o tema).
5.    Norma culta - O domínio da língua não implica necessariamente um texto rebuscado. O ideal é que seja correto e simples. Convém evitar períodos longos demais e vocabulário pedante, bem como clichês e generalizações vazias.
6.    Marcas de oral idade – Expressões da fala cotidiana, como "né", "ok" ou "tá”, por exemplo, não têm lugar numa redação.  Palavras obscenas também devem ser evitadas, a menos que indispensáveis ao tratamento do assunto. 
7.    Sem internetês – Abreviações do tipo "vc", "hj". "td", etc., podem tirar pontos de uma redação que não está na situação de comunicação que exige o internetês. Nenhum leitor é obrigado a entender a linguagem dos computadores. Convém não usar nenhum tipo de abreviação não explicada, pois se corre o risco de fazer uma abreviação equivocada.
8.    Manter a Pessoa do Discurso – Convém manter a mesma pessoa do discurso ao longo de todo o texto - seja a 3a do singular (“entende-se que ela tenha agido assim...”) ou a 1ª do plural ("vivemos uma era tecnológica...”).
9.    Revisão final - É aconselhável ler o texto depois de terminá-lo, para que não passem possíveis deslizes gramaticais, erros de concordância, etc. Além disso, repetições e redundâncias, comuns quando se escreve com pressa, podem colocar a redação a perder.
10.   Exercite - Escrever e reescrever textos ajuda a criar hábito.
 

[1] Fonte: Revista língua - Edição nº 69 –Julho de 2011 – ano 05 - www.revistalingua.com.br - páginas 36-41. 

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