Para
tentar melhorar situação, governo criou programa de bolsas para jovens[1]
A procura
por cursos de licenciatura cresce em um ritmo muito lento no Brasil: o aumento
do interesse na área entre 2011 e 2012 foi de apenas 0,8%. O baixo índice se
reflete na educação básica da rede pública, que apresenta um déficit de 170 mil
docentes. Os dados do Censo do Ensino Superior 2012, divulgados em setembro,
mostram que, no mesmo período, a procura por bacharelados subiu 4,6%, enquanto
a busca por tecnológicos, 8,5%. Do total, apenas 19,1% dos matriculados representam
licenciaturas.
Para tentar melhorar a situação, o Programa Quero ser cientista, quero ser professor, do Ministério da Educação
(MEC), oferecerá, a partir de fevereiro de 2014, 30 mil bolsas de R$ 150 a
estudantes de Ensino Médio que se dedicarem à monitoria e pesquisa científica e
tecnológica. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) já distribui atualmente 10 mil bolsas no Programa de Iniciação
Científica Júnior. Somadas às que começarão a ser concedidas no ano que vem, o
investimento girará em torno de R$ 66 milhões, sendo aumentado gradualmente até
que se atinja a meta de 100 mil bolsas.
Para o professor de metodologia de ensino de
química da Universidade Federal de Santa Catarina Carlos
Alberto Marques, trata-se de uma boa iniciativa, pois valoriza tanto a pesquisa
científica quanto o interesse pela área por parte dos jovens. O incentivo ao
interesse por disciplinas como matemática, química, física e biologia é
necessário para que os alunos se aproximem desses conteúdos, entende.
"Aprender ciência é difícil. Ela tem que ser bem ensinada e os temas devem
dizer respeito à vida cotidiana, questões tecnológicas, saúde, problemas
ambientais. São disciplinas que exigem um esforço intelectual significativo e
têm que ser tratadas de maneira mais próxima", defende Marques.
O
professor cita ainda um fator curioso que contribui para o desinteresse na
área: a descartabilidade dos produtos que usamos. Se antigamente as pessoas
eram incentivadas a consertar os brinquedos e equipamentos quebrados, hoje
apenas se descarta, perdendo-se a curiosidade pelas ciências exatas.
A
professora do departamento de metodologias de ensino da Universidade Federal de
São Carlos Denise de Freitas critica a transformação de disciplinas das
ciências naturais em memorização e matemática. Esse processo, segundo ela, tira
do aluno a possibilidade de ver a beleza da natureza.
Denise
relata que é comum estudantes de cursos das ciências da natureza abandonarem a
licenciatura. O provável motivo é que a carreira docente na educação básica não
se mostra atraente e a sociedade não reconhece fortemente a profissão. "A
gente reconhece a importância da educação, mas o professor é desacreditado, sua
imagem não é a melhor para um profissional. Qual jovem quer seguir uma carreira
que não tem grande sucesso? Quando optam por isso é pela função social",
afirma.
Mauro
Mendes Braga, professor do departamento de química da Universidade Federal de
Minas Gerais, afirma que a área ainda é um tanto árida e há poucos
profissionais em qualquer parte do mundo. "Nos Estados Unidos, a
matemática é exercida principalmente por orientais e indianos". Quando se
trata de licenciatura, além do pouco interesse pelo campo, pesa também a baixa
valorização do professor. O problema não é somente a remuneração insuficiente,
mas a ausência de reconhecimento da profissão por parte da sociedade. "O
Brasil dá passos muito lentos. É preciso elevar o piso salarial e buscar um
plano de carreira nacional", diz Braga. Salários nesses patamares de hoje
não são atraentes para jovens que têm tantas opções, acredita Denise.
Exterior também enfrenta
dificuldades
Alemanha e Inglaterra são
exemplos na valorização dos professores, afirma Braga. "Mas até mesmo
países pobres, como Cuba, conseguem uma abordagem da educação básica que é mais
adequada à sociedade do que o Brasil", diz.
Marques
relata que, ainda que se valorize a carreira científica, o desinteresse segue
havendo por parte dos jovens europeus e americanos. São os países da Ásia os
que melhor resolveram essa questão. Coreia do Sul e Japão têm sucesso no ensino
de ciência, incentivando desde o ensino fundamental o estudo na área.
Líder no
ranking de educação, a Finlândia também é espelho para a formação de
professores. Há grande procura por docentes de química e física e a profissão
está entre as mais populares. A cada 10 candidatos à carreira de professor
apenas um consegue ingressar, tamanha à concorrência.
Nossa Nota
Para você ler mais sobre a
carreira de docente e bem como a violência contra o
docente, o que leva muitos a desistir da carreira acesse os link:
Violência contra
professores
Carreira perde o
interesse ano a ano
Quanto ganha um
professor no Brasil
Universidade aposta no futuro da profissão
Brasil fica no penúltimo lugar em ranking de
valorização do professor
Educadores vencem dificuldade e transformam processo
de Ensino
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