Domingos Sávio Bruno[1]
A cidade de Várzea
Grande, que é a segunda maior cidade do estado de Mato Grosso vem passando por
momentos ao longo destes últimos quatro anos, que é no mínimo curioso, para não
dizer jocoso. Triste, mas real. Cidade onde importantes filhos da terra se
destacaram na política estadual, além da nacional, vem passando por momentos
cômicos se não fossem tão trágicos.
Merece um breve
histórico. Antes, a cidade era conhecida como cidade industrial do estado de
Matogrosso. Foi terceiro Distrito de Cuiabá. Nos primeiros dias quando aqui
chegaram os Bandeirantes, aproveitando da hospitalidade e mansidão dos povos
Guaianases, iniciaram exploração de mineração. Mas que não progrediu, conforme
alegam, pois o “faiscar das pepitas na Capital era maior, e atraía mais a
cobiça por lá. Os povos Guaianases possuíam aptidão com a arte de tear e de
manobrar embarcações (canoas). Confecções de redes, balaios, cerâmicas e outros
ornamentos pessoais, manufaturados foram aproveitados e dispersados para gerar
renda para o município. Pois bem, algumas localidades contribuíram para a
denominação de cidade industrial pudesse se fortalecer, como: Capão do Pequi,
onde houve contribuições das escravas redeiras de onde ficaram famosas as redes
tecidas na cidade. Outras localidades onde fabricam as famosas “redes
cuiabanas” são: Capão Grande, Bonsucesso, Souza Lima, Engordador, além de Capão
do Pequi e proximidades. Hoje essa arte das redeiras está correndo riscos de
extinção se nada for feito para a disseminação e conservação dessa técnica.
Mas, na cidade que
outrora era industrial, nunca se ouviu tantas piadas com denominações
diferentes para ela como nesses últimos dias de pós-eleições. São elas: Cidade
dormitório, Favelão de Cuiabá, cidade fantasma, cidade dos fantasmas (das
folhas de pagamento), cidade dos mortos que votam. Depois destas eleições,
ganhou o nome de cidade dos mortos que votam. E para completar, a “maior
liderança do PMDB no estado, o governador, mostrando toda importância que a
nossa cidade representa para ele, fez a declaração sobre a alegação do processo
do suposto caso de mortos terem votado neste pleito, com desdém. O governador
Silval Barbosa classificou como “brincadeira” as denúncias apresentadas pelos
Advogados da coligação“ reclamante. O governador declarou que acha que tudo
parece brincadeira... “É brincadeira isso [...]”. Dando margem para que os
comediantes, brincalhões e zombadores já chamarem a nossa cidade de Sitio do
Pica-Pau Amarelo. Daí a gente até se lembra da música do Gilberto Gil.
“Marmelada de banana, bananada de goiaba. Goiabada de marmelo. Sítio do
Pica-Pau amarelo...” Pois, o Sitio do Pica-Pau Amarelo é local onde se encontra
todo tipo de brincadeiras possíveis e imagináveis. –
Que me perdoe MONTEIRO
LOBATO e seus fantásticos personagens, mas se for assim, nós precisamos
aproveitar mais do “faz de contas da Emilia” para realizar nossos maiores
anseios, precisamos aproveitar mais da sabedoria do visconde de Sabugosa para
arrumar a administração do reino das águas claras. Precisamos distribuir
bastante as pílulas falantes do doutor Caramujo para o povão. Bem, com “o faz
de conta da Emília”, nem é preciso listar o que se tem a fazer. Pois tudo é
necessário! Mas com “a pílula falante do doutor Cara de Coruja”, sim. Seria
importante distribuir as tais ao povão, para fazer soltar a sua voz... Para que
deixe de viver só como platéia. Para que possa gritar aos quatro cantos, todo o
seu descontentamento. Agora! Já! Para que consiga proferir o seu pedido de
socorro em prosas e versos e ser ouvido com seriedade pelas autoridades
constituídas. Pois brincadeira é uma atitude dessas de um líder... Pois, quando
o esperado seria que fosse líder de todos e não de parcelas da sociedade.
Imparcialidade é o que se espera nesses casos. “Rios de prata, pirata. Vôo
sideral na mata, universo paralelo. Sítio do Pica-Pau amarelo.” Várzea Grande:
Cidade Polichinelo?
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