Bonsucesso
Origem, Tradição e Fé
José Wilson Tavares[1]
Historiador
Um
grande interesse e a formação acadêmica que apropriamos nos levou a realizar
este trabalho, o qual não tem objetivo de esgotar as informações, acerca da
formação do povoado e o processo de ocupação destas terras do Distrito de
Bonsucesso. Porém nosso interesse é o registro no contexto histórico das
origens, ocupação, manifestações culturais e o cotidiano da população que
nasceu e mora ainda na localidade. Realizando um registro que possa contribuir
para as futuras gerações, e colocar ao alcance dos filhos desta terra um texto
prático e capaz de lhe fornecer informações
básicas do passado de sua gente nesta região e seus antepassados.
A
busca por maiores informações a cerca da etimologia e a formação do topônimo
Bonsucesso, não é fácil, por ser uma palavra que tem suas origens na junção de
outras duas palavras com formação na
língua portuguesa: Bom – adjetivo que designa uma qualidade em
oposição ao mal. Sucesso
-
um substantivo – que juntas para
formar o topônimo: Nome próprio de lugar ou de acidente
geográfico. O desejo de investigar as origens deste nome nos tem fascinado
muito, principalmente pela beleza e a riqueza cultural que o povoado da Vila
sede do Distrito de Bonsucesso nos tem provocado.
Quanto
ao aspecto grafológico de Bonsucesso, com escrita junta ou separada: Bonsucesso
ou Bom Sucesso, a existência da Sesmaria Bonsucesso nos é um fato
incontestável. Porém é algo muito irrelevante, uma vez que existem nomes de
cidades e lugares em diversas partes do território brasileiro, como Rio Grande
do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo, com os dois modelos de grafia. Em
consulta à rede mundial de computadores, sobre o modelo grafológico, tivemos
informações de milhares de ocorrência nos dois modelos de grafia. Defendemos
que a grafia correta para nossa região seja de forma junta, de acordo com os
documentos preliminar que tivemos acesso: Bonsucesso.
O
modelo de ocupação ocorrido na região, é de conhecimento acadêmico, porém, a
primitiva ocupação, o modo de vida, cultura e prática na construção do espaço
geográfico iniciados pelos primeiros ocupantes desta terra, as quais pertenciam
em sua gênesis a povos indígenas da Etnia Guanus, são outros elementos de
interesse investigativo muito atraente.
O
registro histórico das origens, ocupação, manifestações culturais e o cotidiano
da população que nasceu e tem residência fixa atualmente na localidade, bem
como herdaram parte das terras que fora dos donatários da Sesmaria de
Bonsucesso no século XIX. Realizando uma documentação histórica que possa
contribuir para as futuras gerações, e colocar ao alcance dos filhos desta
terra um texto prático e capaz de lhe fornecer informações básicas do passado
de sua gente na região e seus antepassados.
=Declaração=
O abaixo assinado
declara que possui a margem direita do rio Cuyabá, no Distrito de São Gonçalo,
município d’esta capital, cincoenta braças de terras, que forão doadas em 18 de
desembro de 1866 à sua mulher Claudina
Maria da Silva por João Baptista da Silva Claro pae da dita sua mulher. Essas
cincoenta braças pertencião a uma terra no indicado lugar, de quatrocentas
braças de frente e setecentas e cincoenta braças de fundos, parte da metade de
uma sesmaria que tocou ao referido João Baptista da Silva claro por herança de
seus Paes Manoel Joaquim da Silva Claro e Joanna Antonia da costa, confinando
ao norte com terras que forão de Joaquim Vieira da Costa, fallecido, ao sul com
as da herança de Justino Antonio da Silva Claro. As mencionadas cincoenta
braças partem de cima para baixo, = a começar de vinte e cinco braças que
anteriormente o referido João Baptista doava a são João, segundo a demarcarção
feita por meio de três pés de “Cajuzeiro”, dispostas parallelamente, =
confinando pela parte de baixo com as terras da dita herança de Justino
Antonio. O declarante trabalha em sua
pequena cultura com seus filhos e genro possuindo as alludidas terras e
residindo n’ellas até hoje, sem contestação alguma __
Vai em duplicata, com o documento junto
(escriptura de doação). ____ Cuyabá, 21 de julho de 1893.
A rogo de Antonio Ferreira Gomes,
Candido Joaquim de Carvalho
Pagou tresentos reís de sello – lançado na
1ª via sob nº 398.
2ª Colletoria do Estado em Cuyabá, 24 de
Julho de 1893.
Testemunhas
Ildefonso P.A. Pitaluga - José Vaz Curvo.
Sintetizar
e reunir estudos voltados ao resgate e registro das práticas sociais ocorridas
pela ação do homem, desde os primeiros ocupantes pelo uso e posse destas terras,
aos fatos que transformaram o espaço geográfico em território lusitano, a
concessão de Posse aos primeiros donatários da Sesmaria de Bonsucesso.
A
região que ao longo dos anos, fora herdada por caboclos, que de alguma forma
tiveram suas gênesis nos hereditária nos ocupantes ainda do período colonial
português, pessoas simples nascidas naquele território, que no passado, abrigou
bandeirantes, posseiros, donatários, negros foros e escravos, bem como índios,
com suas atividades econômicas como plantio de roças em geral, engenhos e
alambique de cana-de-açúcar e a
arte da tecelagem. Traços culturais que estão
presente neste século XXI, através da
pequena pratica econômica do fabrico da rapadura artesanal, da tecelagem, a pesca de
subsistência, tendo como culminância a religiosidade popular,
consagradas nas festas
de santos como São Benedito e
Divino Espírito Santo, como origens nos
tempos da ocupação e outras nascidas
das criatividade econômica e fé
com a Tradicional Festa de São
Pedro, que ocorre a 29 anos. São contribuições que permitiu construir práticas
sociais e culturais únicas na região, utilizando costumes seculares modernos e
contemporâneos.
Os valores de diferentes origens que no
passado fixaram no território regional, vivenciando as trocas de experiências
que influenciaram a herança cultural e padrões sociais durante gerações, tornando
o espaço produzido, numa fonte inesgotável fonte de oportunidades, porém, esta
hoje muito pouco aproveitada pelos segmentos organizados da comunidade.
A
produção de uma cultura de valor incalculável valor histórico e beleza impar,
nos revelam os traços mais diversos de uma gente de luta e fé, nas suas
realizações diárias, com rituais que remontam os tempos memoriais do período
colonial brasileiro. A religiosidade popular, a culinária e os recursos para a
sobrevivência construída no cotidiano, em referência aos valores de seus
antepassados e heranças das diferentes culturas, como a habilidade no uso da
canoa para o transporte e pesca, a tecelagem da
Rede Varzeagrandense, herança dos Índios Guanás, as festas tradicionais
do Divino Espírito Santo trazidas pelos portugueses, e a devoção a São
Benedito, santo cultuado pelos negros
foro e escravos em todas as partes deste
nosso Brasil, diante da cor de sua pele, como santo dos excluídos, cor esta da
grande maioria da população brasileira da atualidade. Cor negra, parda, cabocla
e amarela, e práticas culturais por herança africana e indígena, apropriada ou
forçada a fixa residência no espaço produzido pelo colonizador, que deixou seus
princípios e tradição, consumada e somada a outros traços culturais radicados no Povoado.
[1] Bacharel e Licenciado em Historia e Pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Gestão Escolar. Professor Público do sistema Municipal de Educação de Várzea Grande. Gestor Escolar no Município.
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