Roberto
GAMA E SILVA[1]
A jornalista que inventou os “ianomâmis” não agiu por conta própria, mas
influenciada pela organização denominada Conselho Mundial de Igrejas, com sede na
Suíça.
Nos tempos da infância e da
adolescência que passei em Manaus, minha cidade natal, nunca ouvi a mais leve
referência ao grupamento indígena denominado “ianomâmi”, nem mesmo nas
excursões que fiz ao território, acompanhando o meu avô materno, botânico de formação,
na sua incessante busca por novas espécies de orquídeas. Tinha eu absoluta
convicção sobre a inexistência desse grupo indígena, principalmente depois que
aprendi que a palavra “ianomâmi” era um nome genérico aplicado ao “ser humano”.
Recentemente, caiu-me nas mãos o livro
“A Farsa Ianomâmi”, escrito por um oficial de Exército brasileiro, de família
ilustre, o coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto; credenciava o autor do
livro a experiência adquirida em duas passagens demoradas por Roraima, a primeira,
entre 69 e 71, como comandante da Fronteira de Roraima/ 2º Batalhão Especial de
Fronteira, a segunda, quatorze anos depois, como secretário de Segurança do
antigo Território Federal.
Menna Barreto procurou provar que os
“ianomâmis” haviam sido criados por estrangeiros, com o intuito claro de
configurar a existência de uma “nação” indígena espalhada ao longo da fronteira
com a Venezuela. Para tanto citou trechos de obras publicadas por cientistas
estrangeiros que pesquisaram a região na década iniciada em 1910, notadamente o
alemão Theodor Koch-Grünberg, autor do livro “Von Roraima zum Orinoco, reisen
in Nord Brazilien und Venezuela in den jahren 1911-1913”.
Embora convencido pelos argumentos
apresentados no livro, ainda assim continuei minha busca atrás de uma
personalidade brasileira que tivesse cruzado a região, em missão oficial do
nosso governo, e que tivesse deixado documentos arquivados na repartição
pública de origem. Aí, então, não haveria mais motivo para dúvidas.
Definido o que deveria procurar, foi
muito fácil selecionar o nome de um dos “Gigantes da Nacionalidade”, embora
pouco conhecido pelos compatriotas de curta memória: o almirante Braz Dias de
Aguiar, o “Bandeirante das Fronteiras Remotas”
Braz de Aguiar, falecido em 17 de
setembro de 1947, ainda no cargo de “Chefe da Comissão Demarcadora de Limites –
Primeira Divisão”, prestou serviços relevantes ao país durante 40 anos
corridos, sendo que destes, 30 anos dedicados à Amazônia, por ele demarcada por
inteiro.
Se, nos dias correntes, o Brasil já
solucionou todas as pendências que recaíam sobre os 10.948 quilômetros que
separam a nossa maior região natural dos países vizinhos, tudo se deve ao
trabalho incansável e competente de Braz de Aguiar, pois de suas observações
astronômicas e da precisão dos seus cálculos resultaram mais de 500 pontos
astronômicos que definem, juntamente com acidentes naturais, essa longa
divisória.
Todas as campanhas de Braz de Aguiar
foram registradas em detalhados relatórios despachados para o Ministério das
Relações Exteriores, a quem a Comissão Demarcadora era subordinada.
Além desses relatórios específicos,
Braz de Aguiar ainda fez publicar trabalhos detalhados sobre determinadas
áreas, que muito contribuíram para desvendar os segredos da Amazônia.
Um desses trabalhos denominado “O Vale
Do Rio Negro”, classificado pelo Chefe da “Comissão Demarcadora de Limites –
Primeira Divisão” como um subsídio para “a geografia física e humana da
Amazônia”, foi encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores no mês de
janeiro de 1944, trazendo no seu bojo a resposta definitiva à indagação
“Ianomâmi! Quem?
No tocante às tribos indígenas do Vale
do Rio Negro, incluindo as do tributário Rio Branco, afirma o trabalho que “são
todas pertencentes às famílias Aruaque e Caribe, sem aludir à existência de
alguns povos cujas línguas se diferenciam profundamente das faladas pelas duas
coletividades citadas”. Prossegue o autor: “Tais povos formam as chamadas
tribos independentes, que devem ser consideradas como restos de antigas
populações cuja liberdade foi grandemente prejudicada pela ação opressora de
vizinhos poderosos”. Também os índios “tucanos” constituem uma família a parte,
complementa o trabalho.
Dito isto, a obra cita os nomes e as
localizações das tribos aruaques no Vale do Rio Negro, em número de treze, sem
que da relação conste a pretensa tribo “ianomâmi”.
Em seguida, foram listadas as tribos
caribes, bem como a sua localização: ao todo são sete as tribos, também ausente
da relação o nome “ianomâmi”. Dentre as chamadas tribos independentes do Rio
Negro, em número de cinco, também não aparece qualquer citação aos “ianomâmis”.
Para completar o quadro, a obra
elaborada por Braz de Aguiar ainda faz menção especial ao grupo “tucano”, pelo
simples fato de compreender quinze famílias, divididas em três ramos: o
oriental, que abrange as bacias dos rios Uaupés e Curicuriari; a ocidental,
ocupando as bacias do Napo, Putumaio e alto Caquetá, e o setentrional,
localizado nas nascentes do rio Mamacaua. Os “ianomâmis” também não apareceram
entre os “tucanos”.
Para completar a listagem dos povos da
bacia do Rio Negro, a obra ainda faz menção a uma publicação de 1926, composta
pelas “Missões Indígenas Salesianas Do Amazonas”, que descreve todas as tribos
da bacia do Rio Negro sem mencionar a existência dos “ianomâmis”.
Assim sendo, pode-se afirmar, sem medo
de errar, que esse povo “não existiu e não existe” senão nas mentes ardilosas
dos inimigos do Brasil.
Menna Barreto e outras fontes
fidedignas afirmam que coube a uma jornalista romena, Claudia Andujar,
mencionar, pela primeira vez, em 1973, a existência do grupo indígena por ela
denominado “ianomâmi”, localizado em prolongada faixa vizinha à fronteira com a
Venezuela.
Interessante ressaltar que a jornalista
que inventou os “ianomâmis” não agiu por conta própria, mas influenciada pela
organização denominada “Christian Church World Council” (Conselho Mundial de
Igrejas) sediada na Suíça, que, por seu turno, é dirigida por um Conselho
Coordenador instruído por seis entidades internacionais: “Comitê International
de la Defense de l´Amazon”; “Inter-American Indian Institute”; “The
International Ethnical Survival”; “The International Cultural Survival”;
“Workgroup for Indigenous Affairs” e “The Berna-Geneve Ethnical Institute”.
Releva, ainda, destacar o texto
integral do item I, das “Diretrizes” da organização referentes ao Brasil: “É
nosso dever garantir a preservação do território da Amazônia e de seus
habitantes aborígines, para o seu desfrute pelas grandes civilizações européias,
cujas áreas naturais estejam reduzidas a um limite crítico”.
Ficam assim bem caracterizadas as
intenções colonialistas dos membros do Conselho Mundial de Igrejas, ao
incentivarem a invenção dos ianomâmis e a sua localização ao longo da faixa de
fronteiras.
Trata-se de iniciativa de fé púnica a
artificiosa invenção de um grupo étnico para permitir que estrangeiros venham a
se apropriar de vasta região do Escudo das Guianas, pertencente ao Brasil e,
provavelmente, rica em minérios. O ato se reveste de ilegitimidade passiva e de
impossibilidade jurídica. Sendo, pois, um ato criminoso, a criação de “Reserva
Ianomâmi” deve ser anulada e, em seguida, novo estudo da área deverá ser
conduzido para o possível estabelecimento de novas reservas, agora descontínuas,
para abrigar os grupos indígenas instalados na mesma zona, todos eles afastados
entre si, por força do tradicional estado de beligerância entre os grupos
étnicos aruaques e caribes.
Outras providências legais devem ser
adotadas, todavia, para enquadrar os “zelosos” funcionários da Funai que se
deixaram enganar e os “competentes” servidores do Ministério da Justiça que
induziram o ministro da pasta e o próprio Presidente da República a aprovarem a
decretação de reserva para um grupo indígena inexistente.
Sobre estes últimos poderia ser
aplicada a “Lei de Segurança Nacional”, artigos 9 e 11, por terem eles
contribuído para um futuro seccionamento do território nacional e um possível
desmembramento do mesmo para entrega a outro ou outros Estados.
[1]Escrito
em 19 de Outubro de 2012 – por Roberto Gama e Silva é almirante reformado – publicado na Tribuna da Imprensa - Fonte:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/13517-a-farsa-ianomami-e-a-cobica-internacional-sobre-a-amazonia.html
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