sábado, 8 de novembro de 2014

Golpistas tresloucados não passarão!

Miranda Muniz[1]
Miranda Muniz
Inconformados com a quarta vitória consecutiva do povo brasileiro, através da reeleição da presidenta Dilma, a imprensa hegemônica, alcunhada de PIG – Partido da Imprensa Golpista, fez questão de estampar na capa de seus principais jornais e nos noticiários de rádio e TV, pequenas manifestações de caráter golpista tresloucado, ocorridas no dia 1º de novembro em algumas cidades do Brasil.
A maior delas teve como palco a Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, centro do sistema financeiro nacional, e foi composta por “gente diferenciada” tendo como vedetes o decrépito e transmutado ex-roqueiro Lobão, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ultrareacionário e direitista Jair Bolsonaro, e o perito Ricardo Molina, aquele que trabalhou em casos de repercussão nacional, como a morte de PC Farias, a Chacina de Eldorado dos Carajás, o crime na Favela Naval, entre outros. Com posições contrárias à verdade, segundo o deputado Raul Pont, ele foi também o perito que tentou provar que o casal Nardoni não jogou a filha pela janela.
As faixas e cartazes empunhados pela horda golpista de 2,5 pessoas, segundo a PM, traziam xingamentos de baixo calão à presidenta Dilma, frases de ódio mortal contra o PT, “auditoria nas urnas”, “impeachment da Presidenta” e “intervenção militar”.
Após 50 do famigerado Golpe Militar de 64 e 30 anos do início da redemocratização do país, manifestações com esse caráter golpista e de tamanha virulência contra um processo eleitoral democrático, parece até coisa de ficção.
No entanto, não podemos menosprezar a possibilidade desse “ovo de serpente” vir a eclodir. Isso porque, na geladeira por 30 anos, começa a ser aquecidos por um discurso de ódio, discriminação e preconceito, o qual encontrou guarida na campanha do candidato derrotado Aécio Neves, como bem lembrou o  cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política, Aldo Fornazieri. “já durante a campanha eleitoral de Aécio Neves e o PSDB permitiu que se abrigassem como seus apoiadores setores golpistas e indivíduos e grupos que manifestaram preconceitos antinordestinos, homofóbicos, racistas e contra as mulheres. Elementos intolerantes estimularam a violência física e verbal contra pessoas que, simplesmente, portavam adesivos de apoio a Dilma. O ódio ao PT foi moeda corrente na campanha de Aécio. Até mesmo divisionistas se agregaram à campanha, pregando, ou a independência de São Paulo ou a exclusão do Norte e do Nordeste do resto do Brasil. Não houve nenhuma condenação dessas manifestações antidemocráticas e preconceituosas, seja por parte de Aécio, seja por parte do PSDB.” 
O questionamento extemporâneo da fidedignidade do voto eletrônico, utilizado no Brasil há quase 2 décadas, pretensão estapafúrdia que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sepultou de plano, ante a sua inconsistência jurídica, é outra atitude que também serviu para aquecer o “ovo golpista”. O mesmo pode se dizer da declaração do ministro Gilmar Mendes, quando externou a preocupação estapafúrdia do STF (Supremo Tribunal Federal) ser transformado numa “corte bolivariana”, pelo simples fato da presidenta Dilma cumprir o seu dever constitucional de nomear os ministros daquela Corte, depois de sabatinados e aprovados pelo Senado Federal. Já o candidato Aécio Neves, seguiu o mesmo diapasão e, em seu discurso de “quase eleito”, da tribuna do Senado, nenhuma menção de desaprovação às iniciativas golpistas de seus apoiadores aloprados!
Logicamente, estamos em outro ambiente político, com uma democracia que vai aperfeiçoando, mesmo que lentamente. Onde as Forças Armadas têm entendido o seu verdadeiro papel na construção da democracia e da defesa nacional. Nem mesmo o setor mais anacrônico, aglutinados em torno do tal Clube Militar, aderiu aos intentos golpistas e afirmaram que aceitam a vontade das urnas.
Entretanto, é bom não dá sopa pro azar, afinal, com cobra e com fogo não devemos brincar. Até porque o que estão colocando em cheque é a democracia, a liberdade. Os 21 anos de Ditadura Militar não fez bem para o país nem para o povo brasileiro, deixando marcas profundas na memória nacional, como bem lembrou o cineasta e dramaturgo Rui Guerra “vinte e um anos, para sermos exatos, de arbitrariedades, ameaças, prisões, censura, torturas, assassinatos, ocultação de corpos das vítimas, dentes arrancados e dedos decepados, atentados e testemunhos falsos, subornos, delações, expurgos, sequestros... que mais? Falta, mas qualquer brasileiro pode acrescentar outras ignomínias, mais torpezas, desmandos. Um legado de corrupção, ignorância, desigualdade, matraca e mordaça. E um imenso buraco cultural. A castração sistemática do pensamento criador e político de toda uma juventude, e não só. Um fosso que vai levar décadas para ser transposto.”  
Por mais que o movimento golpista seja algo desimportante em termos de número de adeptos envolvidos e mobilizados, o certo é que o mesmo acaba “despertando” os sentimentos mais reacionários de setores que nunca aceitaram que o povo brasileiro, em especial a camada que nunca teve vez e voz, passa a desfrutar dos mesmos espaços nos aeroportos, nos shoppings, nos restaurantes, nos cinemas, nas universidades, locais antes reservados às elites que comandaram esse país por mais de 500 anos. Setores recalcitrantes que tem verdadeira ojeriza à liberdade e à participação das camadas sociais nos destinos do país.
Portanto, tais ensaios golpistas precisam ser combatidos sem vacilação, explicitando e denunciando seu caráter obscuro e antidemocrático, em especial para as novas gerações. E, se esse assanhamento persistir, será preciso mobilizar o povo para deixar bem claro que não aceitaremos retrocessos e nem a volta daquela “página infeliz da nossa história”, assim sintetizado pelo cantor e compositor Chico Buarque, em uma das suas mais contundentes canções de resistência à Ditadura Militar Fascista e que veio a se transformar numa espécie de hino durante as jornadas pela democratização do nosso país. A direita e os golpistas tresloucados pode até desfilar, mas não passarão! 

[1] Agrônomo, bacharel em direito, oficial de justiça avaliador federal, dirigente da CTB-MT (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e do PCdoB-MT (Partido comunista do Brasil).  Fonte: http://folhamax.com.br/opiniao/golpistas-tresloucados-nao-passarao/27253 

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