Eliana Bess[1]
Orgulhosamente a comunidade
de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, celebrou no domingo (12.06) o
111 ano de vida do mais antigo remanescente quilombola do local, Antônio
Benedito da Conceição, o seu ‘Antônio Mulato’. Entre tantas lembranças,
impossível a história não registrar sua coragem na luta pelas melhorias de seu
povo. Pai de 13 filhos, sem saber ler nem escrever, foi ele quem travou a luta
pela instalação de uma escola na comunidade, na década de 40, para que sua
descendência tivesse um destino pautado no direito à educação.

Com sua insistência e
determinação, seu Antônio foi atrás de alguém que cedesse um terreno para a
instalação da primeira escola da comunidade. Conseguiu um aliado, seu
‘Manequinho’, o benemérito que permitiu que a unidade escolar funcionasse em
suas terras.

Seu Antônio Mulato não se
intimidou e furioso ‘comprou’ a briga com a professora e foi falar com o
prefeito. Chamou novamente a comunidade para o debate. Resultado? Conseguiu as
vagas para os filhos e outros negros e assim, nessa luta, acabou passando para
aos seus descendentes o legado no processo educativo. Para seu orgulho há entre
os filhos, professores, advogado, fazendeiros, seguindo as carreiras que escolheram
e se transformando em cidadãos.
“É um orgulho para nós,
porque mesmo antes de ter os direitos solidificados, já tinha alguém que
pensava, que defendia os direitos dos seus filhos, principalmente o direito à
educação formal. Meu bisavô era um visionário para seu tempo. Ele pensava ‘se
estudarem vão ser alguém na vida’ e com esse objetivo ensinou seus
descendentes”, destacou Gonçalina, que se formou professora e lecionou na
comunidade. Ela trabalhou não na escolinha original, porque o local cresceu e
acabou ganhando uma unidade estadual, a Escola Estadual Tereza Conceição
Arruda. O nome escolhido para a escola é em homenagem a uma das filhas de seu
Antônio, já falecida.
Tradições

A memória teve um papel fundamental
na construção da identidade do grupo e na conservação dos valores ancestrais,
transmitidos de geração em geração pela educação informal, realizada nas festas
tradicionais, na organização social e do trabalho e em outras experiências
vividas no cotidiano das famílias.
Seu Antônio nasceu, cresceu
e vive até hoje na comunidade. Casou-se duas vezes. Da primeira companheira,
com quem teve seis filhos, ficou viúvo. Teve um relacionamento passageiro que
lhe rendeu uma filha. Depois se casou com a atual esposa, com quem tem outros
seis filhos.
Aniversário
O almoço comemorativo ao
aniversário de seu Antônio foi simples, mas do jeito que o aniversariante
gosta. Cozidão, feijão com catuni (joelho de boi) e uma boa farofa de banana,
ali mesmo, em Mata Cavalo. Mas o mais importante, ele estava rodeado pelos
familiares e amigos. Assim o mais antigo remanescente de Mata Cavalo celebrou
os 111 ano de muito aprendizado.
[1] Assessoria
SEDUC-MT – Fonte: http://www.seduc.mt.gov.br/Paginas/Mato-grossense-mais-antigo-celebra-111-anos-como-um-vision%C3%A1rio.aspx
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