sábado, 5 de novembro de 2011

TUBERCULOSE | Sintomas e tratamento

A tuberculose[1] é uma doença infecciosa e contagiosa causada por uma bactéria, que pode acometer vários órgãos diferentes, sendo a tuberculose pulmonar sua principal forma. Neste texto explicaremos quais são os principais sintomas da tuberculose, seu tratamento e quais órgãos são mais acometidos.
Antes de falarmos nos sintomas da tuberculose é preciso esclarecer alguns pontos acerca da doença, que são muito pouco divulgados pelos meios de comunicação.
O que é tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada de Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, em homenagem a Robert Koch, médico alemão que identificou a bactéria. A doença é muito famosa pelo seu acometimento pulmonar (tuberculose pulmonar), mas poucos sabem que vários outros órgãos do corpo também podem ser infectados pela tuberculose, como pele, rins, linfonodos, ossos, cérebro etc...
Desde o surgimento da pandemia de HIV/SIDA (AIDS) na década de 80 que a infecção por tuberculose voltou a ser uma grande preocupação, já que pacientes imunossuprimidos são muito susceptíveis ao bacilo de Koch.
O Brasil é o 16º país com maior incidência de tuberculose no mundo, porém, ao contrário do que muitas vezes é divulgado, esta incidência tem caído substancialmente nos últimos anos. Em 1999 a incidência era de 51 casos para cada 100.000 habitante. Em 2007 já havia caído para 38 por 100.000. Rio de Janeiro e Amazonas são os estados com o maior número de casos (incríveis 73 por 100.000). Portugal é um dos países da Europa com maior taxa, aproximadamente 32 casos por 100.000. Só como comparação, a Alemanha tem 6 casos por 100.000 habitantes.
Atualmente 1/3 da população mundial está infectada pelo bacilo de Koch. O fato é que apenas 10% das pessoas que entram em contato com a bactéria desenvolvem sintomas de tuberculose. Esta resistência se dá pelo nosso sistema imune que é bastante competente em impedir a progressão da doença. Apesar desta resistência, a bactéria muitas vezes não é completamente eliminada pelo sistema imune e fica adormecida no nosso organismo, sem causar sintomas, à espera de uma queda nas nossas defesas para voltar a se multiplicar.
A infecção pelo bacilo de Koch inicia-se sempre pelos pulmões, mas pode se alastrar por todo o corpo. Nem todo mundo vai desenvolver a tuberculose ativa e alguns permanecerão com a bactéria adormecida no organismo, tendo tido ou não sintomas de tuberculose pulmonar. A bactéria pode ficar alojada durante anos em qualquer parte do corpo, como cérebro, meninge, rins, intestinos, coração, linfonodos, ossos etc.. Apenas à espera de uma queda no sistema imune para voltar a multiplicar-se.
Resumindo, você pode entrar em contanto com a bactéria da tuberculose e seguir por um dos três caminhos:
·         Seu sistema imunológico não consegue controlar a bactéria e você desenvolve a doença, apresentando, na maioria dos casos, sintomas de tuberculose pulmonar.
·         Seu sistema imunológico consegue controlar a bactéria, mas não a elimina do seu corpo, mantendo-a apenas "adormecida" por vários anos. Se houver alguma queda no sistema imune, a bactéria pode voltar a ficar ativa, causando geralmente um dos tipos de tuberculose extrapulmonar.
Seu sistema imunológico consegue controlar a bactéria e a elimina definitivamente do corpo.
Fatores de risco para o desenvolvimento da tuberculose

Os indivíduos com as características abaixo são aqueles com maior risco de desenvolver tuberculose após contato com alguém contaminado:
·   Idosos.
·  População de rua.
·   Alcoólatras (leia: EFEITOS DO ÁLCOOL | Tratamento do alcoolismo).
·  Insuficientes renais crônicos (leia: INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA | Sintomas e tratamento).
·  Doentes com neoplasias ou sob quimioterapia.
·  Transplantados (leia: SAIBA COMO FUNCIONA O TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS).
·  Portadores do vírus HIV.
A população prisional também é uma das mais susceptíveis a infecção, devido à contínua exposição à bactéria em ambientes fechados.

Sintomas da tuberculose pulmonar
A tuberculose pulmonar é a manifestação mais comum da doença. A transmissão é feita pelo ar, através de aerossóis expelidos pela tosse, espirro ou pela própria fala. Estima-se que uma pessoas infectada, se não tratada, pode contaminar outras 15 no intervalo de um ano. De acordo com as estatísticas, destas quinze, apenas uma ou duas desenvolverão sintomas. Atenção: apenas os casos sintomáticos são capazes de transmitir a doença. Se você entrou em contato com o bacilo, mas não desenvolveu doença, não há risco de transmissão da bactéria para outros.
O quadro típico de tuberculose pulmonar é de febre com suores e calafrios noturnos, dor no peito, tosse com expectoração, por vezes com raias de sangue, perda de apetite, prostração e emagrecimento que chega a 10 ou 15 kg em algumas semanas.
Por ser também uma infecção pulmonar, o quadro pode lembrar o de uma pneumonia (leia: PNEUMONIA | Sintomas e tratamento). Porém, enquanto a pneumonia é uma doença mais aguda, que se desenvolve em horas/dias, a tuberculose é mais lenta, evoluindo em semanas. Alguns doentes com tuberculose só procuram atendimento médico dois meses depois do início dos sintomas. Deve-se pensar sempre em tuberculose pulmonar naqueles pacientes com quadro de pneumonia arrastada que não melhoram com antibióticos comuns.
Sintomas da tuberculose extrapulmonar
A tuberculose em outros órgãos também costuma causar emagrecimento, febre, suores noturnos, prostração, perda do apetite etc... A diferença é que não há sintomas respiratórios, como a tosse, mas sim sintomas específicos do acometimento de cada órgão. Exemplos:
Sintomas da tuberculose pleural
A tuberculose extrapulmonar mais comum é tuberculose pleural, que como diz o nome, acomete a pleura, membrana que recobre os pulmões. Os sintomas mais comuns (além dos descritos acima) são dor torácica unilateral e falta de ar, causado pelo aparecimento de derrame pleural, mais conhecido com água na pleura (leia: DERRAME PLEURAL | Tratamento, sintomas e causas).
Sintomas da tuberculose ganglionar:
A tuberculose ganglionar é uma manifestação comum nos pacientes soropositivos infectados pelo bacilo de Koch. O quadro típico é de aumento dos linfonodos na região do pescoço. No início, os gânglios têm crescimento lento e são indolores; posteriormente, aumentam de volume e tendem a se agrupar, podendo criar fístulas (comunicações) para a pele.
Sintomas da tuberculose óssea:
A tuberculose óssea costuma envolver a coluna vertebral, causando destruição das vértebras. A tuberculose da coluna também é chamada de "Mal de Pott". A doença progride lentamente com sintomas de dor leve/moderada nas costas que piora progressivamente. Conforme a vértebra vai sendo destruída, a medula pode ser acometida causando intensa dor e alterações neurológicas, incluindo até paralisia dos membros.

Tuberculose urinária
A tuberculose urinária cursa com sintomas semelhantes à infecção urinária (leia: INFECÇÃO URINÁRIA | CISTITE | Sintomas e Tratamento), porém sem resposta aos antibióticos e com urocultura negativa. Se não tratada a tempo, pode levar a deformidades do sistema urinário e insuficiência renal terminal (leia: INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA | Sintomas e tratamento).
Tuberculose cerebral
É a forma mais grave de tuberculose, podendo evoluir como uma meningite tuberculosa ou com a formação de tuberculomas cerebrais, espécies de tumores no sistema nervoso central (leia: MENINGITE | Sintomas, Transmissão e Vacina).
Ainda existem a tuberculose dos olhos, dos intestinos, da pele, do coração, do peritônio etc... Falaremos destas em outro momento para não tornar o texto muito mais longo.

Diagnóstico da tuberculose
O diagnóstico da tuberculose pulmonar é feito através da história clínica, da radiografia de tórax e do exame de escarro (catarro), este último o exame que identifica a presença do bacilo de Koch.
As infecções extrapulmonares, em geral, ocorrem anos depois da infecção pulmonar ou mesmo da contaminação assintomática. O diagnóstico das formas extrapulmonares é habitualmente feito pela biópsia do órgão acometido.
A radiografia de tórax é importante porque pode detectar lesões pulmonares antigas em pacientes que desconhecem o fato de já terem tido tuberculose. Estas lesões, chamadas de "cavernas", podem se reativar, causando novo quadro de tuberculose pulmonar.

E como saber se você é portador assintomático da bactéria da tuberculose?
Existe um teste chamado de PPD (derivado de proteína purificada), ou teste da tuberculina, que é feito através da inoculação subcutânea de proteínas de bacilo de Koch morto. Após 48-72h é feita a avaliação do grau de reação do corpo ao material inoculado.
Se o paciente já foi exposto à bactéria, seu organismo possui anticorpos que atacam as proteínas inoculadas na pele.
Em pessoas saudáveis, uma inflamação com o centro endurado maior que 15mm (1,5 cm) é considerado positivo. Em diabéticos, renais crônicos ou em profissionais de saúde expostos freqüentemente a pessoas infectadas, um resultado maior que 10mm (1 cm) também é considerado positivo. Pacientes com SIDA (AIDS) ou outra causa de imunossupressão, 5 mm (0,5cm) já é considerado positivo.
O teste de PPD só fica positivo após 12 semanas da exposição a pessoas infectadas. Não adianta fazer o PPD apenas alguns dias após o contato com alguém supostamente contagioso.
Doentes com o PPD positivo são candidatos ao tratamento contra tuberculose latente, objetivando impedir uma futura reativação do bacilo.
Tratamento da tuberculose
Os doentes que apresentam sintomas de tuberculose são tratados com um esquema de três antibióticos por no mínimo 6 meses. O principal esquema é o chamado RIP - Rifampicina, Isoniazida e Pirazinamida. Esse coquetel é distribuído gratuitamente pelo governo brasileiro.
O tratamento das formas latentes, isto é, pacientes assintomáticos, mas com PPD positivo como descrito anteriormente, é feito apenas com a Isoniazida, também pelo período de 6 meses.
O grande problema do controle da tuberculose é o abandono antes do final dos 6 meses. Como os sintomas melhoram em pouco tempo e os efeitos colaterais são comuns, muitos pacientes não completam o tempo total de tratamento, favorecendo o surgimento de cepas multirresistentes do bacilo de Koch.
Os pacientes deixam de transmitir tuberculose após aproximadamente 15 dias de tratamento. Porém, podem voltar a ser bacilíferos (transmissores do bacilo) se não completarem o curso de 6 meses de antibióticos.
A tuberculose não tratada leva à sepse grave e morte ( leia: O QUE É SEPSE / CHOQUE SÉPTICO?)

Existe vacina contra tuberculose?
Existe uma vacina chamada de BCG, que faz parte do calendário nacional. É administrada quando criança e serve para prevenir as formas mais graves da doença, como a tuberculose disseminada e a meningite tuberculosa. A vacina apesar de diminuir a incidência da tuberculose pulmonar não a evita por completo. Como é feita a partir de bactérias vivas, não deve ser administrada em imunossuprimidos.

Guia e Orientação Rápida

 


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